sábado, 21 de junho de 2014

Milagres

Quando estreou na Copa, contra a Bósnia, Messi (e toda a Argentina) estava mal. Ganhava por 1X0 mas os herzegovinos assustavam. Lionel recebeu a bola, dominou, arrancou, tabelou, chutou, vibrou com uma fúria que nunca tinha mostrado ao mundo. Os bósnios ainda diminuíram, mas não empataram, o primeiro gol de Messi salvou a Argentina no jogo mais difícil do grupo, teoricamente. Eis que chega o Irã, pressionando, criando chances, tendo um pênalti negado, transformando o goleiro argentino no nome do jogo. Até os 46 do segundo tempo. Aos 46 do segundo ele resolveu dar o ar da graça no jogo. Ele mesmo, o dez, o craque, o salvador, que recebeu a bola na entrada da área, cortou para o meio e disparou de canhota. A bola, como se tivesse vontade própria, desviou do defensor, escapou do abraço do goleiro iraniano e deitou-se na rede, descansando depois de um longo dia de trabalho.


Se os argentinos já tinham em Maradona um Deus para chamar de seu, agora contam com um Lionel Messiânico e após esse segundo milagre na Copa o Papa Francisco vaticinou: “Se fizer mais um eu canonizo” .

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Passeios

Se ao menos fossem tortos teus caminhos
Eu teria a quem culpar por meus tropeços
Que me desabam sobre tuas calçadas duras

Com um impluso
Levanto em sobressalto
Com as mãos esfoladas
Limpo meus calejados joelhos

Ergo a cabeça
Sorrio, disfarço, sigo em frente
Alegre e confiante
De no próximo passo
Cair em ti novamente

terça-feira, 17 de junho de 2014

Cristiano "forever alone" Ronaldo


Quando há em um time um grande jogador, que é o referencial técnico de uma equipe
com outros jogadores de qualidade, nos referimos como “fulano e cia.”. A Argentina
é Messi e companhia, o Brasil é Neymar e companhia. Se o grande jogador, contudo,
estiver em um time em que todos os companheiros são apenas medianos, a equipe
é chamada de “fulano e mais dez”. A Bélgica é Hazard e mais dez. Há o caso das
equipes que não tem um “ fulano”, nenhum jogador se destaca como muito melhor
que os outros, para o bem e para o mal. A Alemanha não tem nenhum jogador
indiscutivelmente craque. Contudo a Alemanha tem jogadores bons em todos os setores do time,
incluindo o banco. O Irã é um exemplo sem “fulano” do outro lado.
Portugal não se enquadra em nenhum desses exemplos. Os lusitanos tem um grande
“fulano”, talvez o melhor da Copa, mas não tem “companhia”, sequer tem “mais
dez”. CR7 está sozinho, terá que ser um Atlas, carregando sua seleção na Copa até
onde der para ir. Dificilmente será além das quartas-de-final.


Bastidores: Uma fonte que prefere não se identificar informou com exclusividade
para o Blog do Schuster que Cristiano Ronaldo chegou no hotel onde Portugal se
hospedou, pegou algumas garrafas de vinho, e trancou-se no quarto, sozinho. O
silêncio da habitação de CR7 foi quebrado pela TV, com inúmeras reportagens
sobre o jogo. O VT completo começou a ser transmitido por volta da meia-noite e,
à medida que o placar enchia e a garrafa esvaziava, um choro baixo começou a ser
ouvido. Seguiu assim, contido, como um plano de fundo sonoro, durante o pênalti
convertido por Müller, a cabeçada de Hummels na bola, a cabeçada de Pepe em
Müller, e o chute de Müller de dentro da área. Porém, quando Rui Patrício escorou
a bola para Müller assumir a artilharia da Copa, o choro explodiu estrondoso. Já era
alta madrugada e ainda podia se ouvir, no corredor, um voz embriagada cantando
aos prantos:

“All by my self,
 Don’t want be.
 All by my self,
 Anymore.”